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12º Domingo do Tempo Comum C 16


E vós, quem dizeis que eu sou?

Confessar que Jesus é o Messias de Deus implica num caminho que não é como os outros: um caminho que nos leva a perder a própria vida, para salvá-la.

1ª leitura: «Olharão para mim a respeito daquele que trespassaram» (Zacarias 12,10-11; 13,1)

Salmo: Sl 62(63) - R/ A minha alma tem sede de vós, como a terra sedenta, ó meu Deus!

2ª leitura: A fé em Jesus Cristo supera todas as barreiras: “nem judeu nem grego, nem escravo nem livre, nem homem nem mulher” (Gálatas 3,26-29)

Evangelho: A confissão de fé por parte de Pedro e o anúncio da Paixão (Lucas 9,18-24)

O silêncio a propósito do Messias

A passagem do evangelho que lemos neste domingo situa-se entre a multiplicação dos pães, que prefigura a última Ceia, e a Transfiguração, em que Jesus discute com Moisés e Elias a respeito «de seu êxodo que se consumaria em Jerusalém». De fato, no versículo 51 do mesmo capítulo, veremos Jesus «tomar resolutamente o caminho de Jerusalém», onde será crucificado. Significa dizer que nossa leitura, que inclui o primeiro anúncio da Paixão, situa-se numa guinada do Evangelho de Lucas. Antes da sua última viagem, Jesus informa aos discípulos sobre o que o espera e sobre o que os espera. Mais uma vez, surge a questão: «Quem eu sou?». A resposta de Pedro é ambígua: de fato, o Messias é considerado «filho de Davi», herdeiro da sua realeza e da sua glória. Davi é célebre por seus feitos de guerra e por ter estabelecido o povo eleito em Jerusalém. Para a maioria dos discípulos, o Messias libertaria Jerusalém da dominação romana. Tanto que, após a Ressurreição, irão perguntar a Jesus: «Senhor, é agora o tempo em que irás restaurar a Realeza em Israel?» (Atos 1,6). Um mal-entendido a respeito do Reino e do Messias. Cometemos erro parecido quando esperamos que Deus nos livre dos terremotos, das epidemias e das guerras. Pois tudo isso foi posto em nossas mãos: cabe a nós prevenir e remediar. O Cristo vem nos encontrar e ficar conosco, no que de pior nos possa acontecer. E nos fará sair daí, para entrarmos numa vida e num universo que sequer somos capazes de imaginar. Jesus não quis que os discípulos ficassem repetindo ser ele o Messias, por causa deste mal-entendido quase geral, a respeito do sentido desta palavra e da missão deste «Messias». E, também, a respeito da sua identidade profunda: este filho de Davi deverá ser reconhecido como o Filho de Deus.

Deus conosco, até o fim

Filho de Davi, Filho de Deus, neste evangelho, Jesus fala de si mesmo usando a expressão «Filho do homem». O Cristo se inseriu numa linhagem humana. Assim sendo, Deus e a humanidade se tornaram apenas um. Fruto da humanidade, homem por excelência, Ele é ao mesmo tempo a expressão perfeita de Deus, «o ícone do Deus invisível», como diz Paulo (Colossenses 1,15). Digamos que, por Cristo e em Cristo, Deus desposa o destino do homem até o fim. «Fim» que é a rejeição, o ser jogado fora da humanidade, de que tantos homens padecem. Alguns, como se diz, é porque ‘aprontaram’, ou, ao menos, deram pretexto para esta exclusão. Mas Cristo foi mais longe: sem razão alguma é que foi «suprimido». No seu caso, o totalmente justo, o justo pela justiça de Deus foi quem sofreu a sorte do injusto. E assim cumpriu-se a soberana injustiça, o excesso insuperável do que chamamos de «pecado» e que equivale a destruir, em nós e nos outros, a imagem -«o ícone»- de Deus. Esta culminância do pecado veio chocar-se com a culminância do amor. Odiado sem haver qualquer razão, será sem razão que o Cristo irá amar até ao ponto de entregar o que querem lhe tirar: a própria vida. O gesto, portanto, de tirar-lhe a vida será de toda forma desarmado: pois não há necessidade de se apoderar daquilo que é dado. Em Gênesis 3, o ser humano tenta apoderar-se do «ser como Deus» enquanto isto mesmo lhe fora dado, quando Deus o criara «à sua imagem e semelhança» (Gênesis 1). Jesus anuncia, portanto, aos seus discípulos, que irá encontrar-se com o homem em sua pior aflição. Aonde quer que possamos ir, até mesmo na pior decadência, Cristo permanecerá sendo Emanuel, o Deus conosco.

Viver é dar a vida

Já deveríamos ter entendido que não há necessidade alguma de metáforas sacrificiais nem vitimistas, para entrarmos na compreensão da Páscoa do Cristo. «Entrar» simplesmente, já que não chegaremos nunca ao final deste mistério. O amor absoluto nos ultrapassa, porque nossos diversos amores não chegam nunca até aí. Jesus, no entanto, nos convida a nos unirmos a ele no dom da vida: «Se alguém me quer seguir, tome sua cruz cada dia e siga-me». «Cada dia», diz Jesus. Esta precisão nos faz compreender que não se trata forçosamente de oferecer-nos a uma morte violenta: ninguém pode ser morto «cada dia». Mas podemos cada dia viver para os outros, consagrar a nossa inteligência e as nossas forças para fazê-los existir e até mesmo, simplesmente, facilitar-lhes a existência. Temos certa repugnância em admitir isto, que consideramos serem apenas palavras piedosas e bem-pensantes. No entanto, quando esquecemos nós mesmos para fazer com que os outros vivam, é que começamos a existir. O Pai torna-se pai, torna-se ele mesmo, tão somente pela geração do outro que é o seu Filho. Jesus nos diz que guardar a própria vida para si, que viver em torno de si mesmo equivale a um suicídio. Sair de si mesmo para ir até aos outros é uma libertação. Temos repetido que só existimos através das relações. Tudo depende da qualidade de nosso modo de nos religar. O cume da relação, a relação por excelência, é o amor. Não dediquemos nosso tempo a nos examinar, para saber se de fato existe amor em nossas vidas. Isto equivaleria mais uma vez a nos fecharmos em nós mesmos. Pensemos antes nos outros. Isto que é «perder a sua vida pelo Cristo». Temos aí, pois, desde já, a Ressurreição.

Marcel Domergue, jesuíta (tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara)

 

Acreditamos em Jesus?

As primeiras gerações cristãs conservaram a lembrança deste episódio evangélico como um relato de importância vital para os seguidores de Jesus. A sua intuição era certeira. Sabiam que a Igreja de Jesus deveria escutar uma e outra vez a pergunta que um dia fez Jesus aos seus discípulos nos arredores de Cesareia de Filipe: “Vós, quem dizeis que Eu sou?”.

Se nas comunidades cristãs deixarmos apagar a nossa fé em Jesus, perderemos a nossa identidade. Não conseguiremos viver com audácia criadora a missão que Jesus nos confiou; não nos atreveremos a enfrentar o momento atual abertos à novidade do Seu Espírito; iremos nos asfixiar em nossa mediocridade.

Não são tempos fáceis para nós. Se não voltamos para Jesus com mais verdade e fidelidade, a desorientação nos paralisará; as nossas grandes palavras continuarão a perder credibilidade. Jesus é a chave, o fundamento e a fonte de tudo o que somos, dizemos e fazemos. Quem é hoje Jesus para os cristãos?

Confessamos, como Pedro, que Jesus é o «Messias de Deus», o Enviado do Pai. É certo: Deus amou tanto o mundo que nos ofereceu Jesus. Saberemos nós, os cristãos, acolher, cuidar, desfrutar e celebrar esta grande oferta de Deus? É Jesus o centro das nossas celebrações, encontros e reuniões?

Confessamos também que ele é «Filho de Deus». Ele pode nos ensinar a conhecer melhor a Deus, confiar mais na sua bondade de Pai e escutar com mais fé sua chamada para construir um mundo mais fraterno e justo para todos. Descobrimos nas nossas comunidades o verdadeiro rosto de Deus encarnado em Jesus? Sabemos anunciá-Lo e comunicá-Lo como uma grande notícia para todos?

Chamamos Jesus de «Salvador», porque tem força para humanizar as nossas vidas, libertar as nossas pessoas e encaminhar a história humana para a sua verdadeira e definitiva salvação. É esta a esperança que se respira entre nós? É esta a paz que se contagia a partir das nossas comunidades?

Confessamos a Jesus como nosso único «Senhor». Não queremos ter outros senhores nem nos submetermos a falsos ídolos. Mas, ocupa Jesus realmente o centro de nossas vidas? Damos-lhe primazia absoluta em nossas comunidades? Colocamo-lo acima de tudo e de todos? Somos de Jesus? É Ele quem nos anima e faz viver?

A grande tarefa dos cristãos é hoje juntar forças e abrir caminhos para reafirmar muito mais a centralidade de Jesus em Sua Igreja. Tudo o mais vem depois.

José Antonio Pagola


 

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